23 fevereiro 2006

José Afonso 1929/1987 SEMPRE!





Viva o Poder Popular

Não há velório nem morto
Nem círios para queimar
Quando isto der prò torto
Não te ponhas a cavar

Quando isto der prò torto
Lembra-te cá do colega
Não tenhas medo da morte
Que daqui ninguém arreda

Se a CAP é filha do facho
E o facho é filho da mãe
O MAP é filho do Portas
Do Barreto e mais alguém

Às aranhas anda o rico
Transformado em democrata
Às aranhas anda o pobre
Sem saber quem o maltrata

Às aranhas te vi hoje
Soldado, na casamata
Militares colonialistas
Entram já na tua casa

Vinho velho vinho novo
Tudo a terra pode dar
Dêm as pipas ao povo
Só ele as sabe guardar

Vem cá abaixo ó Aleixo
Vem partir o fundo ao tacho
Quanto mais lhe vejo o fundo
Mais pluralista o acho

Os barões da vida boa
Vão de manobra em manobra
Visitar as capelinhas
Vender pomada da cobra

A palavra socialismo
Como está hoje mudada
De colarinho a Texas
Sempre muito aperaltada

Sempre muito aperaltada
Fazendo o V da vitória
Para enganar o proleta
Hás-de vir comigo a glória

O Willy Brandt é macaco
O Giscard é macacão
O capital parte o coco
Só não ri a emigração

De caciques e de bufos
Mandei fazer um sacrário
Para por no travesseiro
Dum cura reaccionário

Não sei quem seja de acordo
Como vamos terminar
Vinho velho vinho novo
Viva o Poder Popular




Não tive o privilégio, não tive a oportunidade, não o conheci. "Fugiu" numa altura em que no meu Mundo viviam o Tom, o Jerry, as Fábulas da Floresta, o Lucky Luke, etc. Desde pequeno que me habituei a ouvir aquelas músicas... não as percebia, eram apenas músicas, mas depois cresci, e o meu amor à música levou-me a conhecer Zeca Afonso, aqui descobri um Mundo novo, um Mundo cheio de imaginação em que afinal o que estava escrito nas letras não era bem o que lá estava escrito, mas era exactamente o que lá estava escrito quando visto com os olhos com que então começava a olhar. O desafio... a luta.... a provocação de passar uma mensagem... Na memória para além de uma enorme quantidade de músicas, fica-me a ATITUDE e uma frase:


"Quando começamos a procurar álibis para justificar o nosso conformismo...
...então está tudo lixado!"




"Não me arrependo de nada do que fiz. Mais: eu sou aquilo que fiz. Embora com reservas acreditava o suficiente no que estava a fazer, e isso é o que fica. Quando as pessoas param há como que um pacto implícito com o inimigo, tanto no campo político como no campo estético e cultural. E, por vezes, o inimigo somos nós próprios, a nossa própria consciência e os alibis de que nos servimos para justificar a modorra e o abandono dos campos de luta."

" Admito que a revolução seja uma utopia, mas no meu dia a dia procuro comportar-me como se ela fosse tangível. Continuo a pensar que devemos lutar onde exista opressão, seja a que nível for."



"A última vez que fui preso tinha ido esperar o meu pai ao aeroporto. Vim para casa, dormi mal e no dia seguinte bateram à porta. Estávamos em Abril de 1973. O meu filho Zé Manel foi abrir. O inspector apresentou-lhe o 'crachat' da polícia e ele voltou-se displicentemente para a sala a dizer 'oh pai é a prestimosa'. O tipo entrou, fizeram a vasculhação e levaram-me para Caxias."


Carregar nas imagens para ampliar







José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos
2 de Agosto de 1929 - 23 de Fevereiro de 1987 SEMPRE!




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16 comentários:

Anónimo disse...

B R A V O !!!!
Farpas, que magnífico trabalho!!!
Estou encantada.
Um abraço

Anónimo disse...

Farpas, sou uma lamechas nestas ocasiões. Está lindo, amigo. Se estivesse a falar, o nó não deixava...ainda bem que as teclas não têm nó. Um abraço enorme.
E muitos parabéns por nos trazeres este Zeca...o Zeca também é este. O de depois do 25 de Abril, talvez mais controverso...mas sempre com a Utopia e o Sonho ali á mão.Foi este o que conheci melhor. E que nunca esquecerei.
Estou encantada.

Anónimo disse...

Também estranhei as lágrimas a escorrer da face da minha mãe quando emitiram na tv o Zeca no Coliseu. O tempo trouxe-me o entendimento. Agora canto-o com emoção...

shark disse...

Bem jogado, Farpas. Isto é uma homenagem em condições.
Um abraço, pá.

Anónimo disse...

Palavras para quê?

Grande trabalho farpas. ESPETACULAR

Anónimo disse...

Farpas o Memorandum também se associo, se quiseres adicioná-lo á lista.......

Rita Inácio disse...

sem palavras...
...está realmente espectacular!

Beijocas

Anónimo disse...

BRAVO, também! Não consigo escrever mais nada! Obrigada.

Cingab disse...

O que é um Blog associado?

Farpas disse...

Obrigado a todos! E que ninguém cale o Zeca!

@Cingab: Blogs associados ao Um dia com o Zeca, lançado pelo Troll Urbano.

Anónimo disse...

http://faltapapel.blogspot.com

Anónimo disse...

Atão e eu?????

Saltapocinhas

Farpas disse...

Já lá estás!! ;p

Trilby disse...

É pouco o que se possa fazer por aquilo que o Zeca defendia.
Sou uma das previligiadas que o vi ao vivo muitas vezes. Parabéns pelo blog e especialmente pelo post de hoje. Se quiseres ficar com a fotografia do meu, está à vontade.

Sr. Fulano Tal disse...

@biotech

Gostei do sempre no titulo do post. O Zeca não morreu! Duvidas?!

Cumprimentos

Anónimo disse...

Boas. O Luis do Tugir (http://tugir.blogspot.com) apesar da resistência... lá deixou-se "chaparrar na homenagem".

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