28 junho 2006

Matemática injustiçada

Comentário da Associação de Professores de Matemática à prova de Matemática 12º ano (Códigos 435 e 635)

Os alunos que realizaram esta prova de exame (...) foram obrigados a cumprir programas elaborados para maiores cargas horárias e prevendo desdobramentos, o que não aconteceu. A compensação horária foi diferente de escola para escola e nalguns casos ainda sobrecarregou mais os horários. (...) a prova é demasiado extensa, residindo aí um dos seus maiores graus de dificuldade. Na questão 6.1 pede-se para determinar um valor, sem indicar se se trata de valores exactos ou aproximados, quando a pergunta admite o uso da calculadora para efectuar cálculos numéricos; nos critérios de correcção efectua-se um desconto, se o aluno apresentar o valor aproximado, mesmo quando apresenta o valor exacto. O que justifica este tipo de critério? A questão 7, a única onde se exige o uso das capacidades gráficas da calculadora, está formulada de um modo confuso e a resolução contida nos critérios de correcção foge à pergunta pois não usa apenas as capacidades gráficas da calculadora. Provavelmente muitos alunos não resolveram esta questão por tentarem apenas a resolução gráfica que tinha um grau de dificuldade elevado.

Mais uma vez, os resultados não vão espelhar o real nível de conhecimentos dos alunos: se houver tempo para uma leccionação eficaz, se a prova for proporcionada ao tempo concedido e se as questões da prova respeitarem mais equilibradamente o programa oficial, os resultados serão certamente outros.

Em suma, o tipo de prova é mais um factor a contribuir para todos os adjectivos calamitosos que ocuparão as primeiras páginas dos jornais.

A Direcção da APM
27 de Junho de 2006


Ler o comunicado completo da Associação de Professores de Matemática



Pois é... quem é que faz estes exames? Porque é que se continua a fazer exames para chumbar? Há uma grande diferença entre um exame ser exigente e ser absurdo... a diferença entre estas duas definições por vezes pode ser muito curta, mas o que é certo é que isto tem vindo a acontecer quase todos os anos na disciplina de matemática... Seremos sempre os piores a matemática na teoria, nos jornais, na televisão, na rádio, nas estatisticas... não na prática... acreditem que sei o que falo! Quando sairem as notas, tal como diz o comunicado da APM, os jornais vão voltar a fazer o circo que costumam fazer, e vão-se fazer debates e artigos de opinião sobre o estado do ensino da matemática no país... mas para o ano, chegada a altura de fazer o exame, vão estar lá os mesmos brincalhões que costumam elaborar os enunciados... E eu pergunto-me será que vamos ter sempre nos lugares de decisão professores cujo maior divertimento é prejudicar os alunos? Há tantos professores competentes... quando será que se vai perceber que um professor competente e exigente não é a mesma coisa que um professor que chumba muitos alunos e que dá notas baixas?...

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