08 dezembro 2006

Pensem...

Não sou, sem a menor dúvida, o melhor dos católicos, mas como nenhum dos que me está a ler também o é então podemos falar. A minha ligação com a religião não é de todo pacifica, eu acredito em muito mais do que a religião me pode oferecer, qualquer uma! O que eu acredito acredito, o que eu sinto sinto, mas no fundo se não cumpro as regras de uma instituição então não sou um bom "funcionário" dessa instituição, ora, não vos querendo ofender, como não acredito que nenhum de vós seja um bom funcionário posso continuar com este discurso certo? Não... antes de mais vamos lá dividir as coisas, as pessoas que cumprirem os requisitos da lista que se segue parem de ler este post:

- Não praticam o acto sexual sem ser com o sentido de procriação;
- São contra o conceito de amor sem que haja um compromisso formal com testemunhas;
- Não praticaram sexo antes do casamento;
- São contra os homossexuais;
- São conta o uso de preservativo;
-....

esqueçam... vamos ficar pela primeira ok? Pronto essas pessoas já foram ler outra página qualquer? Então vamos continuar. Agora que só estamos maus católicos, pessoas de outras religiões, ateus e agnósticos, vamos falar de Aborto.

Eu sou contra o aborto. É uma afirmação. Já o disse por mais de uma vez, sou contra o aborto principalmente porque nunca me vi envolvido numa situação em que isso estivesse em causa, por isso acredito que pode haver sempre outro tipo de alternativa, ..., mas acredito e quero acreditar que quase ninguém faz um aborto de pensamento leve, deve ser uma decisão que custa muito a tomar, não sei, não quero saber... prefiro continuar a saber aquilo que contam.

Uma vida... uma vida é uma vida, vamos partir deste ponto, todas as vidas têm igual valor (pelo menos para mim), logo a perda da vida que se está a abortar é lamentável, não se deveriam perder vidas, e essa vida não é pertença de ninguém, é pertença da própria vida (vou-lhe chamar "filho").
Por outro lado temos a vida da pessoa que está a abortar... uma mulher, nunca um homem, uma mulher que está a por termino a uma vida que carrega dentro de si, e que ao matar a vida que está dentro de si pode, ao mesmo tempo, estar a matar a sua própria vida (vou-lhe chamar "mãe").

A mãe ao fazer o aborto vai estar a colocar a sua vida em risco, pois este, sendo ilegal em Portugal, pode ser feito de duas maneiras: ou se tem posses e se atravessa a fronteira para fazer em perfeitas condições e legalmente em Espanha, ou se faz numa qualquer arrecadação de vassouras num prédio qualquer escondido no meio de tantos outros e sem as mínimas condições de higiene e segurança que uma situação desta necessita.

Sendo eu católico (mau católico como todos vocês católicos que continuaram a ler) concordo com a posição da Igreja no que toca à defesa da vida, não concordo é que para isso tenha de votar "Não" no referendo. A posição da ICAR é clara e têm de ser essa exactamente por motivos que estão relacionados com os que vos levaram a ler este post até aqui... se o acto sexual foi com objectivo de procriação então o aborto não faz sentido! Agora, uma vez que todos vós renunciaram a essa regra, que fiz questão de perguntar no inicio do post, não podem votar "Não" baseados no argumento religião.

Passando esse ponto e voltando ao ponto da "vida", é tão simples como isto: eu vou tentar salvar já a vida que posso com este "Sim" no referendo que é a da mãe, não sou perfeito nem tenho pretensões em ser mas parece-me que para um católico, um mau católico, é a decisão menos má que pode tomar, depois de ser despenalizado vou continuar com a minha opinião de ser contra o aborto, e se algum dia surgir à minha volta uma situação desse tipo vou tentar sempre dar a volta, ajudar a que se possa dar a volta...

...Não se trata de religiões, trata-se daquilo que cada um quer fazer... trata-se daquilo que cada um acha ser capaz de fazer,... eu vou tentar salvar uma vida de cada vez... pensem nisso, porque votar "Sim" pode ser contribuir para matar uma vida, mas votar "Não" pode contribuir para matar duas vidas... Pensem a fundo nisto... fora de insultos, fora de negócios, fora de Mundos que não são reais,... simplesmente pensem! Eu decidi por mim.

7 comentários:

Anónimo disse...

Olha Farpas, não posso «fazer minhas as tuas palavras» apenas porque não sou católica. Nunca o fui. Não sou baptizada. Os meus pais também não foram baptizados, nem os meus avós casaram pela igreja, pelo que o meu agnosticismo já vai na 3ª geração. Contudo só esse ponto nos separa. Respeito muito a vida. E possivelmente mais do que alguns dos senhores que dizem que o fazem. Mas como respeito também a liberdade de opção de cada um, acredito que num aspecto tão grave como este cada um escolherá o que considerar melhor. Com sofrimento, porque essa escolha é dolorosa. E certamente que quem prefira ter o filho, mesmo com muitas dificuldades, merecerá também todo o respeito e ajuda. Só que essa escolha não deverá ser imposta pela lei.
Um católico quando casa é para a vida. O casamento é um sacramento, não é? E a igreja jamais lhe permitirá voltar a casar a não ser que enviúve. Contudo a lei permite que o faça. Claro que o bom católico não o fará, mas pela sua consciência e não porque a lei não o permite como no tempo de Salazar.
A mulher que engravidou sem o desejar deverá ter opção de escolha. Sem pôr em risco a sua vida, uma vida que é importantíssima para os outros filhos que tantas vezes já tem

Anónimo disse...

Só mais uma coisa de que me esqueci.
Farpas, por mim creio que TODA A GENTE É CONTRA O ABORTO.
Fico revoltadíssima quando oiço dividir as pessoas em «a favor do aborto» ou «contra o aborto». Ninguém pode ser «a favor»!!!!!! É completamente diferente aceita-se que se o faça em determinadas condições ou «ser a favor». É de uma grande frieza falar-se nesses termos. Quem acompanhou alguém nessa situação sabe o sofrimento, psicológico e até físico, por que se passa. É de grande má fé falar-se nesses termos, como às vezes oiço.

Farpas disse...

Exacto... mas parece que não é isso que certas pessoas querem fazer passar, é como a mensagem que se tenta fazer passar que quem é a favor do "sim" não gosta de crianças... por favor...

Anónimo disse...

Contra essa parvoíce basta saber que grande parte das mulheres que recorrem ao aborto já são mães de família... Como «amostra» notem as desgraçadas que sempre foram a julgamento (apesar de depois aquilo ficar por ali) quase todas já tinham filhos. E a minha esperiência de algumas amigas, eram mulheres que tinham filhos e que por deficiência do método engravidaram uma vez a mais... Adoravam os seus filhos!

Farpas disse...

Ainda cá volto, porque fiquei com a ideia que tinhas dito uma coisa e realmente disseste. Essa ideia de que o divórcio é legal e no entanto é "ilegal religiosamente" é um "bom" argumento para colocar um ponto final quando certas pessoas, empenhadas na ideia "religião", começam a desviar o assunto...

saltapocinhas disse...

Plenamente de acordo com os dois!
Também sou contra o aborto mas a favor da sua despenalização.
Quem o desejar fazer, seja qual for o motivo, deve fazê-lo nas melhores condições possíveis.
Se os padres e as beatas se preocupassem tanto com as crianças não havia tantas notícias tristes de crianças mortas à pancada!
Mas o ideal mesmo era não ser necessário abortar. Ou não o fazer por egoísmo do género "já tinha 1 meio criado, outro ia dar muito jeito" (já ouvi esta frase!

Cingab disse...

@Farpas,
Aqui posso escrever!...
Tu, e também bem, centras a problemática na mulher!... Eu, prefiro centrá-la no bébe!... A pergunta dá para os dois lados... Por isso não voto!... Votar não vai parecer que se quer punir as mulher com a morte ou com a prisão (se bem que nunca nenhuma foi presa), votar sim vai querer dizer que se não se respeita a vida dos mais fracos... Assim não se vai a lado nenhum...

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