01 fevereiro 2007

Dúvida

Uma coisa que ainda não percebi bem é o conceito de "Vida". Digam lá uma coisa, quanto é que uma criança com síndrome de Down tem a menos de Vida que uma "criança normal"? Outra dúvida, quanto é que uma criança concebida por violação tem a menos de Vida que uma "criança normal"?


Para facilitar a resposta vamos colocar as questões num panorama matemático:

1 "criança normal" ---- 100% Vida
1 Criança Sindrome de Down ---- x Vida
1 Criança concebida por violação ---- y Vida

Façam lá as vossas contas e digam-me os valores de x e y. Os meus resultados são x=100% e y=100%, mas gostava de ouvir os vossos.

13 comentários:

cereja disse...

Estás a ver Farpas, o grave nesta conversa toda, é começar-se a falar em «crianças». quando se desvia a conversa para aí, está o caldo entornado... O que se discute é um «embrião». É tão forçado chamar-lhe criança como seria chamar-lhe espermatozoide ou óvulo.
Nem é um espermatozoide, nem é uma criança. Com essa aberração de insistir em falar de bebés neste caso, poderia «simétricamente» referir-se que a cada menstruação morre uma futura criança...

Cingab disse...

@”Farpelas”
Gostava de saber quem defende essa aberração de dizer que um feto (com menos de 10 semanas) concebido numa violação ou com síndrome de Down não é um ser humano!... É claro que é!
Mas são situações diferentes!...
Primeiro teríamos de ver o que é mais importante para nós: A Liberdade ou a Vida! São dois valores em confronto, na violação temos esse confronto e a decisão cabe à mulher e ninguém tem nada a ver com isso, podemos ter só opinião...
No síndrome de Down, para mim, já tem a ver com factores psicológicos (logo de saúde) da mulher...
Mas o importante, é que numa situação como na outra (que já estão previstas na Lei), o aborto só é feito com acompanhamento médico, ético e jurídico com todas as vantagens e desvantagens que isso comporta...
Mas não é essa a questão!... Bem, para mim não é!

Farpas disse...

Mas Cingab, é exactamente nesse ponto que está a minha maior dúvida, se o feto for normal então a mulher não pode ter o dilema Liberdade vs Vida ou sofrer danos psicológicos?

E é preciso dizê-lo, a lei actual não considera a saúde mental da mulher... apesar de ela estar lá escrita é preciso criar condições para que a mulher seja avaliada psicologicamente... como, aliás, já está contemplado em vários modelos estrangeiros.

Sr. Fulano Tal disse...

@Farpas

A hipocrisia é uma coisa linda! Não achas?!

Cumprimentos

Cingab disse...

@Farpas,
Então não pode? Claro que pode!!! Alguma vez disse que não pode?
Em certas situações a consequências psiquicas até podem ser mais graves!... Mas não pode ser, simplesmente, a pedido.

@Sr. Fulano Tal,
Eu não quero impor a minha visão a ninguém... A minha opinião não obriga ninguém!... E só não voto sim, porque uma pessoa não pode decidir a vida do outro, porque sim!... Até dei o exemplo da cor dos olhos ou do sexo, mas aí já não vi hipocrisias... Apenas balanças!
O meu nim até ajuda o "Sim"

Farpas disse...

Então ela pode ter danos psicológicos por ter um filho, mas não pode ser ela a dizer que pode ter danos psicológicos por ter um filho é isso? Estou bastante confuso... tem de ser outra pessoa a pedir para ela ser avaliada psicologicamente? Não pode ser ela a dirigir-se ao médico e dizer "Estou grávida, mas a minha vida não me permite ter um filho" e o médico juntamente com os meios envolvidos (dependendo do modelo adoptado) depois avaliar a situação?


Não se pode matar um feto porque tem olhos castanhos mas pode-se matar um feto porque tem um dedo a menos? O meu afilhado nasceu com uma deficiência numa mão, é um miúdo lindíssimo e espectacular e dizem-me que a vida dele vale menos que a da irmã dele por exemplo?

Que coerência é esta Cingab? Não digo que seja a tua, é apenas a que existe. A maioria das pessoas acha muito bem que seja permitido o aborto em estabelecimento de saúde autorizado desde que o feto seja perfeitíssimo, ou tenha sido concebido num acto consentido pelas duas partes! Qual é a coerência de defesa da vida aqui?

A pessoa que vai fazer um aborto e se dirige a um estabelecimento de saúde autorizado vai ter acompanhamento médico, vai por certo ter pessoas que lhe vão explicar o que é o aborto, pessoas que a podem acompanhar... as pessoas que vão a um(a) aborteiro(a) vão ter pessoas que lhe vão dizer um preço... o que é preferível?

Eu só acho que a pessoa (mulher) tem direito a ser acompanhada e aconselhada numa altura que deve ser bastante difícil na sua vida... a meu ver até se evitariam muitos abortos desta maneira...

Cingab disse...

Mas eu falei em "dedos"?
Ai, ai, ai, ai...
@Farpelas
O teu sim eu respeito e aceito, mas queria dizer-te que não vai ser esse o aproveitamento dos políticos do teu sim e de outros... Mas nada que um bom canense já não esteja habituado!
Mas também vai ter de aceitar que há "nãos" bastantes respeitáveis! e até "nins"!... lol
Agora fazerem aqui do Cingab, bode espiatório (salvo seja), dos acéfalos do não, é que não!... Eu estou nesta discussão de uma forma académica e já aprendi muito em blogues do sim, do não e do talvez... cresci intelectualmente!...
Mas, agora o que mais me preocupa e não me lembrar como votei em 1998? Será que votei? Ando bastante intrigado...
Depois do referendo continuarei com uns post's a uns panfeletos de campanha que me vêm parar às mãos... Ridículos! Ridículos!...

Cingab disse...

exemplos:
"Porque as mulheres, como os homens, têm direito à reserva da intimidade familiar..."
OK, mas então casos de violência doméstica passam a crime privado?

"porque uma lei penal ineficaz e injusta é uma lei constinucionalmente iligítima"
Palavras para quê!

Farpas disse...

Não estou a dizer que tu o digas. Mas é essa a lei actual, ou não é? Segundo a lei um feto com deficiências vale menos que um feto "normal". E há muitas pessoas que dizem que não votam "Sim" porque a lei actual é boa... é uma realidade, e embora este diálogo esteja a ser essencialmente entre nós os dois e por vezes o Tó, é lido por muita gente, aliás ainda hoje me disseram que estavam a acompanhar o "debate" porque estava a ser muito interessante, e eu acho que é principalmente porque estamos a levantar perguntas quer de um lado quer do outro.

Eu não concordo com o argumento que a lei é boa porque não é aplicada...

Mas vou lançar outra pergunta que me fizeram hoje... ate vou fazer um post sobre isso!

Cingab disse...

Sim, o debate é interessante!...
A actual Lei, e eu nunca disse que é a minha "Lei", está jurídicamente bem-feita... Porque considera sempre o feto, desde a concepção, uma pessoa jurídica, com direitos... Não considera a Vida como valor absoluto... Permite o aborto, independentemente das nossas convicções, caso haja confronto entre a Vida e a Vida ou entre a Vida e a Liberdade... É claro que o síndrome de Down só entra aqui com muito boa vontade e alguma hipocrisia e é um dos motivos pelo qual não abraço a Lei como minha...

Depois, acho que temos de utilizar uma balança para decidir neste referendo, como tu bem dizes...
Há situações em que se decide pela liberdade ou pela Vida... se bem que a minha liberdade acaba onde começa a liberdade do outro e a minha Vida acaba onde começa a Vida a do outro...

Depois temos o problema a montante, que é a saúde da mulher que já abortou e o estado tem a obrigação de em primeiro lugar prevenir, em segundo lugar cuidar (salvar a Vida)

Como eu posso ter um cancro do pulmão por fumar... O estado tem a obrigação de prevenir, depois cuidar (salvar a Vida)...
Se bem que do fumar ao abortar vai uma distância muito grande... a de uma vida, que já se foi!...

Anónimo disse...

Totalmente de acordo Cingab, a nossa liberdade acaba onde começa a do outro, nossa vida acaba onde começa a do nosso semelhante. Por isso mesmo, a vida do futuro feto acaba quando interfere com a nossa. É realmente muito simples! A titulo de exemplo: Se eu sou uma mãe adolescente que aos 14 ou 15 anos engravidei de uma relação sexual que tive com o meu namorado, decido abortar. Porque a criança irá destruir todos os meus projectos de vida! Claro que dirão que ainda vivo ao que eu respondo que não! Sobrevivo mas dificilmente "vivo".
Porque já agora expliquem-me uma coisa... Se a partir da concepção existe vida, para quando a proibição da pilula, nomeadamente a do dia seguinte? É que caso não saibam, a pilula provoca nada mais, nada menos, que abortos numa fase primária do desenvolvimento.
Chega de hipócrisias... Vamos dar à questão o espaço que ela merece, trata-se de um problema de consciencia em que cada um deverá decidir consoante a sua sem risco de ser penalizado, é tão simples.
Abraço

Cingab disse...

Nop...
Não, não e não!...
A minha conciência só por si, não se pode sobrepor a ninguém...

E aí está mais uma boa questão:
Porquê da pípula do dia seguinte antes de aprovada uma Lei que a permita?... Porque se aborta já a pedido quando a lei ainda não está aprovada?...

Pegou a moda de se chamar hipócrita a tudo e a todos?...

@Tó,
Sou contra o aborto a pedido, ao aborto porque sim!... É só isto que me faz discutir a questão...

Farpas disse...

Essa é exactamente outra que eu não percebo, porque é que os movimentos do "Não" não se indignam e não vieram para o "campo de batalha" quando apareceu a pílula do dia seguinte, aliás nesta campanha até já a chamaram ao debate para dizer que se for preciso existe a pílula do dia seguinte... eu suponho que a "Vida" nessa altura ainda não seja "Vida"... mas como eu não entendo essas definições de "Vida" que por aí correm...

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