27 abril 2009

E hoje que dia é?


Já tudo se escreveu, já tudo se manifestou! Dia de cravo vermelho ao peito, dia de bandeiras desfraldadas! Dia único e de importância indescritível na nossa história e nas nossas vidas! Hoje o cheiro a naftalina ainda se faz sentir! É que todos os princípios e ideais que Abril criou são por vezes deixados na gaveta meses e quando os tiramos cá para fora parecem velharias cheias de mofo que são arejadas uma vez por ano. Abril é querer! Hoje também é 25 de Abril e amanhã também o será! E será sempre dia de dizer o que acho bem e o que acho mal, será sempre dia de dizer que é injusto, será sempre dia de nos revoltarmos com situações do dia-a-dia em que nos perguntamos "afinal o que é isto?!"... Porque "ninguém mais cerra as portas que Abril abriu", não vale a pena tentar encostá-las!

Por exemplo, e só por mero exemplo de muitos que se poderiam dar, ir a eleições mas antes nomear quem é que vai poder votar, isto passa-se antes ou depois do 25 de Abril? Adivinhem... pois! Assim não se elege por mérito nem por valor, elege-se por cunhas, por favores, por amizades e compadrios. E os "vencedores" (?!) serão capazes de se deitarem à noite e dormirem descansadinhos? É lá com eles, para mim há valores mais altos, mas se calhar os meus padrões estão muito elevados...

25 de Abril sempre! Fascismo NUNCA mais!
(é frase feita sim! Mas tem tanto de frase feita como de vontade indescritível de revolução!)

Nota: estive info-excluído no dia 25! Mas hoje ainda é 25 de Abril! Ou não?

4 comentários:

cereja disse...

Claro que sim, Farpinhas.
É como o Natal. «Quando um homem quiser», não é?...
Há ideais que se forem para se por na lapela um dia por ano, é exactamente como não ser nada.

miau disse...

No mínimo uma coisa ficou: A liberdade de expressão, mesmo que muitas vezes contestada, por todos aqueles que escondem a verdade...
25 de Abril, serão todos os dias de quem se sente injustiçado!

Cingab disse...

tb eu!

Anónimo disse...

INTERVENÇAO DE JORGE ESTEVES NA ASS. MUNICIPAL DE 24 DE ABRIL DE 2009

24 de ABRIL DE 1974

Há 35 anos, o Capitão Salgueiro Maia preparava-se para arrancar para Lisboa com os militares que aderiram à revolução e, já na parada, fez este discurso:

… HÁ VÁRIOS ESTADOS: TOTALITÁRIO, DEMOCRÁTICO…. E HÁ

“O ESTADO A QUE ISTO CHEGOU”

A frase que correu mundo, continua actual.

“O ESTADO A QUE ISTO CHEGOU”

Nesse dia teve inicio um processo que levou ao encerramento de uma ditadura e à activação de uma democracia.

Mas, hoje, passados 35 anos, alguns tiques do 24 de Abril, ainda não morreram.

Tiques de uma cultura politica autocrática persistem diariamente.

Quem governa tende a governar com arrogância e a oposição continua a crer que a sua função democrática é apenas de “opor-se”.

Já na Grécia Antiga se chamava a isto primitivismo político, ignorância sobre a democracia e desrespeito pelos cidadãos.

Em alguns casos a democracia raia a ditadura mais cínica que é aquela que deixa que todos falem sem que se ligue minimamente aquilo que dizem.u9

Em alguns casos que a imprensa nos relata diariamente, nem cínica consegue ser porque, o verniz estala e ficam incomodados porque alguém tem uma opinião diferente.

Kant dizia que o ser humano nasce mau. A parte biológica é coberta pela cultura adquirida permitindo-lhe criar a diferenciação com os outros animais mas, alguns, volta e meia revelam-se tal e qual como nasceram.

Teremos de reconhecer que Kant tinha razão.

“O ESTADO A QUE ISTO CHEGOU”

A verdade é que, ao fim de 35 anos, temos um défice democrático, um clientelismo que nos empobrece e nos asfixia e uma erosão de valores própria do subdesenvolvimento cultural.

A mediocridade e o despudor são premiados desde que se tenha uma fidelidade canina.

Actualmente, em Portugal, o compadrio talvez seja maior que no tempo do Marcelismo.

Quem tem ideias fora das fileiras dos obedientes é visto pelo poder não como um potencial de inovação mas como uma ameaça.

O 25 de Abril não pretendeu construir um país com esta profusão de falta de vergonha e de oportunismo.

Enquanto eu souber que há uma elevada percentagem de universitários que chumbam porque não têm dinheiro para pagar as propinas

Que há estudantes que abandonaram os estudos para ir trabalhar e aumentar o rendimento familiar

Enquanto eu não souber se alguém fez um levantamento dessas (e de outras) necessidades gritantes não contem comigo para comemorar este 25 de Abril.

Não foi para isto que eu vim para a rua, nem em 74, nem em Novembro de 75

Quando todos temos consciência dos problemas sociais que hoje, mais do que nunca, devem ter prioridade ao económico e financeiro, fazer passeios onde não há casas, prometer TGVS ou inaugurar azulejos mexe com a minha capacidade de cidadão.

É por isso que, provavelmente para satisfação de alguns, amanhã não estarei presente.

É necessário um 26 de Abril construído na vivência democrática,

pelos cidadãos que têm de decidir, crescer e viver de pé

Jorge Gonzalez Esteves

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