06 fevereiro 2007

Prós e Contras

Tentando fazer um resumo:

-Da Parte do "Não": O "Sim" quer a liberalização do aborto, sem nenhum aconselhamento médico, apenas porque a mulher vai ao médico e diz "quero fazer um aborto". Proposta: Votar "Não" agora para que depois do referendo se aprove uma lei que despenalize a mulher que faça o aborto desde que este continue a ser feito na clandestinidade.

-Da Parte do "Sim": O "Não" não quer mudar nada, quanto muito promove o aborto clandestino ao despenalizar a mulher mas não oferecendo alternativas. Proposta: Votar "Sim" para que a mulher seja despenalizada e depois aplicar um misto do modelo alemão com o modelo francês onde a mulher será acompanhada.


A minha interpretação (sem querer ser imparcial como é óbvio): Esta última estratégia do "Não" de sugerir que se vote "Não" para depois se despenalizar a mulher não lhe oferendo qualquer alternativa ao aborto clandestino, vai provocar algum efeito no combate ao aborto? Sinceramente... digam-me lá se acham que realmente isso é uma alternativa??! Se o "Sim" ganhar os portugueses têm o direito de exigir que os modelos sejam implantados, um acompanhamento da mulher, um aconselhamento, uma tentativa de fazer pensar outra vez. Temos neste momento as propostas dos dois lados.

Uma pequena crítica a ambos os lados, principalmente porque eu detesto estatística uma vez que a estatística diz aquilo que nós queremos que ela diga, os números do aborto clandestino devem ser precedidos por "estima-se que sejam" ou "são cerca de" pois é impossível apresentar números, e outra coisa que não se pode fazer, porque é completamente errado, é comparar números de prática de aborto legal com números de aborto legal passado uns anos... isso quer dizer o quê? Imaginemos que esse número aumenta, o que é que isso quer dizer? Quer dizer que a população aumentou? Quer dizer que as os mais velhos educam mal os mais novos? Quer dizer que o total de abortos (clandestino+legal) diminuiu 70%, recorrendo as pessoas mais ao legal do que ao clandestino? O que raio quer dizer? Sejamos sérios... Houve argumentos válidos de ambos os lados, mas ouviram-se coisas que vindo de pessoas que estão a representar posições em público, alguns deles com cargos de muita importância... (desabafo que já não tem só a ver com o debate:) Depois falamos de ética... quando vemos um cientista falar de modo seguro de um embrião/feto com 12 semanas que já tem sistema nervoso... são estes os senhores que estão à frente dos comités de ética... e são cientistas yuppi....

14 comentários:

Cingab disse...

A resposta está na balança!... Ou, por ventura, no Gémeos

Anónimo disse...

Pois Farpas, também viste os Prós e Contras... Alias, provavelmente toda a informação que aqui reuniste é resultado do estudo efectuado pela Dra "não sei das quantas" irradicada em Inglaterra, como ela fez tanta questão em frisar, na sua atitude petulante, durante todo o debate (Ficámos a saber que ela será porventura a rainha chefe da dôr do feto/ anti-aborto internacional). Estou obviamente a ser irónico mas que o raio da yuppi era irritante, lá isso era!
E ontem durante o debate lembrei-me de mais um problema que podemos discutir:
-Vamos partir do principio (a meu ver errado) de que o direito à vida de um projecto de ser humano com menos de 10 semanas vale tanto como o da sua mãe, raccional e de plenos direitos. Sabendo nós que, segundo a nossa constituição um crime sem intenção é julgado como homicidio involuntário, então nesse caso nunca se poderá afirmar que, na sequencia de um acidente, a mãe perdeu o filho! Deveremos então julgar e condenar as grávidas como homicidas involuntárias!
Dou-vos um exemplo: Se eu estiver a brincar com um taco de golfe e acidentalmente desferir uma pancada na cabeça de outra pessoa que entretanto passa, matando-a, sou condenado por homicidio involuntario. Então nesse caso, se o tal embrião é um ser vivo de plenos direitos, caso a mãe se encontre a swingar um taco de golfe e por acidente der uma pancada na barriga, matando o feto, deve ser julgada e condenada também por homicidio involuntario, ao contrário das festas e frases condescendentes acerca do seu infortunio ao ter perdido a "criancinha"...
No fundo a minha questão é radical! Se é para ser, que seja realmente, passemos a considerar toda a vida e o seu pleno direito à existencia! Vamos proibir a masturbação e os meios contraceptivos, assim como penalizar todas as grávidas que abortem por acidente, ainda que involuntário! E depois o estado que se amanhe e dê condições para acolher todos os "frangos" que resultem desse aviário chamado Portugal.
Sejam realistas e altruistas, quem somos nós para obrigar quem quer que seja a ter filhos?! Uma mulher pode ter todas as condições para ser mãe mas, pura e simplesmente, NÃO QUERER! Está no seu direito... Se esta é, como todos parecem concordar, uma questão de consciencia, então deixem cada um reger-se pela sua, que eu saiba ninguém será obrigado a abortar...
Um Abraço,
António

PS- Tudo o que escrevi está obviamente documentado e mais que estudado pela nossa congenere, Dra "Não-sei-das-quantas", irradicada em Inglaterra, cujos estudos já estiveram no senado Norte Americano (marco do progresso, democracia, liberdade e consciencia) e no parlamento inglês (como ela não se cansou de referir).

cereja disse...

Tens toda a razão quanto a jogar-se com números que se se referem a uma coisa clandestina nunca podem ser confirmados! Também me faz alguma confusão. O que se pode é fazer uma estimativa tipo sondagem. Assim como será também uma estimativa, que o lucro de uma parteira clandestina, é algo de assombroso: 8 por dia (contando muito por baixo) vezes 100 contos -há alguns anos, - dará 800 contos por dia. Num mês de 20 dias de trabalho, ganha 16 mil contos! Se gastasse 500 em material e medicamentos, já viram a mina de oiro...?

Anónimo disse...

SR. Antonio Aleixo,
Dra "Não-sei-das-quantas"??? nao conheço nimguem com esse nome, e...
penso que, uma pessoa quando lê um blog, comenta para mostrar uma opiniao diferente!!! NAO PARA CRITICAR QUASE TUDO O QUE O AUTOR ESCREVE!
pah essa cena do taco na barriga da mulher é um bocado esquesita, pode acontecer defacto, mas...isso gera muita confusao! porque neses casos, nos nunca saberemos se foi sem querer ou nao! imagina agora tu: e se a mulher planeou esse acto? e se nao planeou? (...)
de resto penso que nao tenho mais nada a dizer, opinioes sao opinioes.

Anónimo disse...

ai a Ironia a ironia....

Por amor de deus!

Farpas disse...

@André Jesus: eu acho que antes de comentares os posts e os comentários devias ler mesmo tanto uns como os outros... não leves a mal o que estou a dizer mas é que fazes cada confusão com o que realmente se passa que o que escreves não faz sentido nenhum,...

Anónimo disse...

Arre farpas, que me apetece tanto comentar isto, mas devido ao ataque de que iria ser vitima por parte do amigo aí de cima... perdi a vontade.
É por isso que eu gosto de discutir tudo e mais alguma coisa contigo (de preferência com um tinto 2004 a acompanhar), tu consegues defender o teu ponto de vista não atacando os outros.
Diz aí ao teu amigo que a Dra "não sei das quantas" erradicada em Inglaterra tem nome e não é, para qualquer pessoa que procure um pouco a informação, difícil de chegar a ele.


PERFIL

Jerónima Teixeira, 44 anos, nasceu em Castelo de Paiva. Licenciou-se em Medicina na Universidade do Porto e especializou-se em ginecologia e obstetrícia no Hospital de S. João, no Porto. Em 1993 partiu para o Reino Unido para fazer um doutoramento em Medicina Fetal no Imperial College, em Londres. Desde então, debruça-se sobre a vida intra-uterina e, juntamente com uma equipa de cientistas, tem sido responsável por conclusões cientificas pioneiras na área fetal.

As suas contribuições científicas ao Mundo mereceram os aplausos do governo britânico, que por isso lhe concedeu a cidadania do país.


Para mim, é um currículo e tanto, e coloca-a em posição para opinar fundamentadamente. Mas isso é para mim que nem a 4ª classe tenho.

Humberto Fonte

Anónimo disse...

oh :(
secalhar...
nao tenho ainda capacidade para ler este blog...tenho mto para aprender*
ok ok, prometo nao fazer mais comentarios, mas vou continuar a ler.

cumps

Cingab disse...

@Humberto fonte,
Se bem me lembro, andámos os dois a estudar para médico... Por isso também temos legitimidade...
Se bem que desistimos na 4ª classe

Farpas disse...

@Humberto: Fizeste bem em ter ido pesquisar, e claro que a senhora tem um belo CV o que agrava ainda mais o problema, por ter esse curriculo e por saber que está a falar para pessoas que provavelmente não percebem tanto de ciências como ela é que ela deveria ter mais cuidado... é que eu fiz questão de também ir pesquisar os estudos da Drª que é uma cientista de renome e realmente tem muitos estudos publicados...

O problema aqui não é o que ela diz é o que ela não diz! O que ela não disse ontem mas pode ser lido no seu artigo "Acute cerebral redistribution in response to invasive procedures in the human fetus." é que os fetos de que fala têm 16 semanas por exemplo... outra coisa que ela não disse é que não está provada essa ligação uma vez que pode ser simplesmente devido à condição da mãe como por exemplo a ansiedade como ela muito bem estudou em "Maternal anxiety and uterine blood flow: effects of directed relaxation"... estás a perceber? Não duvido que ela seja uma excelente cientista mas o que é certo é que ontem não disse tudo o que sabia...

A Drª agiu mal, porque tentou influenciar uma opinião com factos verdadeiros mas não contextualizados, o que revela bastante falta de ética a meu ver. É que depois as pessoas ficam a pensar coisas que não são verdade...

@André, podes fazer comentários à vontade.

ilha_man disse...

O SIM para mim inclui que haja um acompanhamento médico e de assistentes sociais à mulher que pensa em abortar para que assim a sua decisão seja uma decisão informada, o que neste caso é muito, mesmo muito importante.

Farpas disse...

ilha_man é essa a minha opinião e é essa a ideia que tem sido passada por pessoas do lado do sim que estarão em posições de vir a intervir na idealização da futura lei, por isso temos o direito e o dever de lhes exigir que a lei seja escrita dessa maneira

Anónimo disse...

Caro Humberto, obrigado (Assim como ao Farpas) pelo esclarecimento em relação à Dra Jerónima Teixeira. Nunca pretendi atacar ninguém nem pus em causa o seu trabalho como cientista, se assim pareceu peço desculpa. Tratei a mesma por "não-sei-das-quantas" por não me lembrar realmente do seu nome e apenas a referi em resposta à frase do Farpas no Post, cito "são estes os senhores que estão à frente dos comités de ética... e são cientistas yuppi...." - Referi-a assim como exemplo dos tais yuppies e nada mais, porque de facto o seu curriculum pode ser notável mas a mesma não precisava de o dizer tantas e tantas, e tantas vezes como o fez ontem à noite. Só isso... De qualquer forma obrigado aos dois pelo esclarecimento. Por ultimo quero deixar claro que não escrevo neste blog para atacar ninguém, sirvo-me apenas dos meus argumentos para defender as minhas razões e convicções. Em caso de dúvida, o Farpas poderá comprovar-to, visto parecer seres amigo dele, assim como eu.
Um abraço,
Antonio

Farpas disse...

Claro que sim, apesar de eu em determinadas alturas preferir fingir que não conheço nenhum dos dois LOL!

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